Um dos pioneiros da sala de aula invertida (ou flipped
classroom, em inglês) é Jon Bergmann. Após dar aulas de ciências por 24
anos, para middle e high school (o
equivalente aos últimos anos do ensino fundamental e ensino médio), tornou-se
chefe em tecnologia de uma escola em Chicago. Atualmente, ele é referência
quando se fala no método e mantém uma ONG, junto a outros professores, que
promove recursos e pesquisas sobre o assunto.
Ele explica que viu o método funcionar em diversas áreas de
ensino, de grandes universidades como Instituto de Tecnologia de Massachusetts
(MIT) e Harvard a educação infantil. “No começo, achei que era melhor para
disciplinas como matemática e ciências. Mas agora vejo exemplos de professores
de artes, que mostram as técnicas através de vídeos, e depois realizam
exercícios práticos em sala de aula. Até Educação Física já vi acontecer”,
conta.
Sobre as motivações para criação da proposta de utilizar as
possibilidades das mídias digitais em sala de aula, ele afirma que, desde o
começo, buscavam o melhor para os estudantes. “Os alunos passaram a participar
ativamente em sala de aula e aplicando seus estudos. Vimos resultados em que os
alunos estudam mais, vão melhor nas provas e os professores estão mais satisfeitos.
Faz sentido”, define.
Bergmann escreveu o livro Flip Your Classroom: Reach
Every Student in Every Class Every Day, em parceria com seu colega e também
pioneiro da metodologia Aaron Sams. A obra conta sobre a experiência com o
modelo. “Não é o único método. Mas é uma maneira que funciona”, afirma. “Eu e
Aaron não gostamos da palavra revolução, pois lembra, historicamente, ações que
são impostas. Preferimos o termo transformação, de baixo para cima”, diz.
Tendência no Brasil
Esta transformação está chegando ao Brasil com exemplos como
o Instituto Superior de Educação de São Paulo, conhecido como Singularidades,
que forma e capacita educadores. A partir deste ano, a entidade passa a ensinar
seus professores utilizando esta metodologia.
O diretor geral do instituto, Cláudio Oliveira, conta que
sempre busca acompanhar o que acontece no mundo em relação a processos de
inovação na educação. Após comparecer à Conferência Internacional de Educação:
Inovação Acadêmica, em Salvador, onde professores de diversas universidades
dividiram suas experiências com o método, decidiu começar a implementar. “Eles
mostraram resultados interessantes. É uma possibilidade de melhorar a
aprendizagem”, conta.
Ele acredita que o grande benefício dessa inovação é a
mudança de cultura. “A capacidade de se inteirar dos conteúdos fora da sala de
aula e depois fazer exercícios práticos”, afirma. Mas o diretor explica que a
mudança é gradativa e “não acontece num estalar de dedos”. Por isso, apenas as
turmas ingressantes vão começar o curso utilizando a sala de aula invertida e
vão avançar usando o modelo.
“Precisamos criar motivação. Tanto para os alunos, quanto
para os professores”, diz. Ele afirma que as crianças já estão ligadas às
questões tecnológicas e isso deve ser refletido nos professores também. Ele
acredita que utilizando a sala de aula invertida na formação desses
educadores, a tendência seja que eles passem a usar em suas próprias salas
também.
"A educação ainda é muito conservadora”
O diretor da empresa especializada em educação online
Aquifolium Educacional, Wilson Azevedo, viu potencial na metodologia e, no ano
passado, coordenou um curso a distância com Jon Bergmann. A turma uniu mais de
cem alunos e resultou em uma rede de professores brasileiros interessados na
sala de aula invertida, que segue em contato pelo Facebook.
O doutor em Antropologia Social afirma que este é um
movimento que tende a se intensificar. “É um dos afluentes no grande rio da
educação”. Contudo, ele explica que ainda há uma distância de gerações, em
termos de utilização de tecnologia. “Temos um magistério muito conservador no
Brasil. A educação ainda é muito conservadora”.
A sala invertida na prática
Professora de Ciências do Colégio Albert Sabin, em São
Paulo, Thaís Arten fez o curso da Aquifolium no ano passado e, desde então,
começou a introduzir o modelo em suas aulas. Descrita por seus alunos como uma
“professora muito tecnológica”, ela logo começou a gravar e editar pequenos
vídeos para utilizar em suas aulas.
No final do ano letivo, Thaís experimentou usar os vídeos
com os estudantes do 6º ano do ensino fundamental, e os resultados foram
positivos. Ela descreve uma turma com dificuldade cuja metade dos alunos teve
notas abaixo da média na primeira prova, antes de usar a técnica em sala de
aula. Depois dos vídeos, a média dos resultados ficou acima de oito pontos.
Após essa primeira experiência, a professora teve apoio da
escola para continuar usando a metodologia e seguir com as suas turmas para o
7º ano. Neste ano letivo, já começou as aulas nessa lógica invertida.
Utilizando uma ferramenta chamada Edmodo, ela posta o conteúdo e tem controle
de quando seus alunos assistem aos vídeos. Além disso, os estudantes respondem
um pequeno questionário para melhor entendimento do conteúdo e a partir do qual
a professora pode ver onde os estudantes têm mais problemas.
Apesar do trabalho de fazer os vídeos - a professora conta
que uma pequena gravação de 2,5 minutos pode levar até 10 horas de montagem -,
Thaís explica que ganhou tempo em sala de aula. “Posso focar em questões
pontuais e ainda realizar atividades práticas, que são tão importantes para
área de ciências”, diz. Além disso, ela acredita que o tempo é um investimento
inicial, pois o material não é efêmero, ele fica disponível em seu canal no
YouTube (Prof Thaís Arten).
“Acredito que esta seja uma estratégia muito interessante e
visual, mas não é única maneira de ensinar”, opina. A professora explica que
essa motivação que percebe nos alunos pode ser resultado da novidade, mas
acredita que é uma linguagem promissora para essa geração. Ela adiciona que
existem muitas maneiras, além de vídeos, para virar a sala de aula, como
investigação em textos, na leitura, e podcasts.
QMágico: uma ferramenta para inverter a sala
A curiosidade em relação a inovações digitais também motivou
a educadora Deborah Calácia, que trabalhava com treinamento de professores com
lousa digital, quando conheceu a empresa QMágico, que oferece uma plataforma
para inverter a sala de aula ou para outras tarefas. O encantamento foi tanto
que logo se mudou de Ribeirão Preto para São José dos Campos e, atualmente,
pratica a sala de aula invertida para treinamentos de professores na
ferramenta.
SAIBA MAIS
Deborah participou do curso online da Aquifolium, com Jon
Bergmann, no ano passado e afirma que aprendeu muito. A experiência foi muito
positiva, pois além do aprendizado sobre o método, fez descobertas sobre a
própria educação a distância (EAD). “O professor fez do computador algo
transparente e conseguiu passar emoção pela tela do computador. Percebi que o
sucesso de um curso EAD é a postura que o professor adota”, conclui.
A educadora acredita que esse é o caminho para educação.
“Hoje em dia, não dá mais para falar com 30 alunos como se estivesse falando
com um”. Ela acredita que o ideal é buscar uma personalização, pois cada um
aprende de uma maneira, e que a educação precisa enxergar que as habilidades
mais importantes são individuais. A professora afirma que, quando o aluno se
forma e vai para o mercado de trabalho, o empregador não quer alguém comum. Por
isso, questiona: “Por que educamos nossas crianças para que todas elas sejam
iguais?”
Aqui no Brasil temos vários pesquisadores que já estão trabalhando com o Tema: Prof. Valente (UNICAMP), Prof. Maria Elizabe (PUC), Prof. Valdenice Minatel (Dante), . Todos estarão presentes no 3 People.Net in Education: Congresso de Redes Sociais Aplicadas à Educação.
Ainda em tempo: dia 05 de dezembro de 2014 acontece o 3 People.NET in Education: Congresso de Redes Sociais Aplicadas à educação no auditório da faculdade Rio Branco em São Paulo.
Acesse: http://www.congressoredesocial.com.br
Eu comentei,mas não publicam...
ResponderExcluirREPETINDO: os alunos de LETRAS,por exemplo, ainda lêem romances,peças dramáticas,ensaios?Ou tiram fotos dos textos dos críticos,como fazem em relação aos tópicos apresentados no datashow?só mico-relatos pelo celular?
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