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terça-feira, 4 de novembro de 2014

TECNOLOGIAS DIGITAIS NA APRENDIZAGEM

No 3º People.NET in Education: Congresso de Redes Sociais Aplicadas à Educação, serão apresentados trabalhos do Brasil todo sobre essa nova geração e como os educadores devem trabalhar com esse novo perfil!

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Esse congresso você não pode perder! 

TECNOLOGIAS DIGITAIS NA APRENDIZAGEM

Esse artigo foi apresentado no II People.NET in Education: Congresso de Redes Sociais Aplicadas à Educação.

Título: As tecnologias digitais como dispositivos de produção de subjetividade e aprendizagem

Autores: 
Rosária Ilgenfritz Sperotto
Maria Simone Debacco
Hector Medina Gomes
Júlio César Madeira
Rodrigo Inácio de Castro
Antoniela Rodrigues Martins

Esse congresso você não pode perder! 

RESUMO

A pesquisa decorre de resultados de estudos anteriores desenvolvidos com 320 estudantes, nativos digitais (nascidos nos anos 90), do ensino médio das redes pública e privada, em Pelotas/RS, Brasil. Analisou-se como estes jovens utilizam as Tecnologias de Comunicação e Informação. Com isto, percebeu-se que as conexões possibilitadas pela Internet, através das tecnologias suportadas por ela (as mídias sociais e os jogos em rede), oportunizam o desenvolvimento de habilidades cognitivas diferenciadas das avaliadas nas instituições escolares. Outro achado foi que os Sites de Redes Sociais (SRS) desencadeiam novas constituições subjetivas, onde as experiências cotidianas apontam modos de produção deconhecimentos, aprendizagens e sociabilidades que se potencializam através da interação em rede. Hoje, muitos do estudantes investigados frequentam diversos cursos de graduação nas Instituições de Ensino Superior(IES) do Rio Grande do Sul. Sendo assim, busca-se investigar como os estudantes que fizeram parte da primeira pesquisa estão utilizando as mídias sociais contemporâneas, mais especificamente os SRS, e que práticas, realizadas pelos estudantes, propiciam produção de conhecimentos, aprendizagens e de subjetividades. Estes aspectos serão investigados, a partir do acompanhamento e análise das interações destes estudantes no site de rede social Facebook. A metodologia definida como método de coleta e análise na referente pesquisa é a cartografia e a netnografia . Desta forma, procura-se dar maior visibilidade para o tema, incentivando e contribuindo para a reflexão crítica sobre novas práticas e metodologias que contemplem o uso das mídias sociais como ferramentas pedagógicas, aumentado as possibilidades de ações dos professores junto aos estudantes.
Palavras-chave: mídias sociais, aprendizagens, subjetividades.



CONTEXTUALIZAÇÃO
Este projeto de pesquisa resulta das investigações iniciadas em 20077, com 320 estudantes do ensino médio (nascidos nos anos 90) que, naquela ocasião, já apontavam uma expressiva utilização das mídias sociais8 disponíveis na época.
Apresentaremos brevemente a síntese do estudo desenvolvido: o levantamento de dados aconteceu por meio do preenchimento de questionário semi-estruturado, na escola privada os estudantes preencheram o inventário de investigação no laboratório de informática, os computadores estavam conectados em rede e automaticamente os dados eram digitalizados; na escola pública havia laboratório de informática, porém não havia conexão em rede, em virtude disso os estudantes preencheram o mesmo em folha impressa e os dados foram digitados, as análises dos dados de ambas as escolas foram feitas tendo como referência a etnografia virtual e a cartografia. As questões estruturadas receberam tratamento estatísco. Entramos em contato com os professores, destes estudantes, e solicitamos que eles também respondessem o questionário; concordaram e optaram por utilizar a versão impressa, embora, dos 82 professores, 26 questionários foram respondidos e entregues e, todos da Rede de Ensino Privada.
Destacamos a seguir alguns dos achados: os estudantes acessavam diariamente a Internet; acessavam a Wikipedia para realizar trabalhos escolares e o MSN (chat on-line) para comunicarem-se entre si. Todos os estudantes tinham perfil no Sites de Rede Social Orkut, as turmas de estudantes possuíam comunidades no Orkut para comunicarem-se entre si, fora do espaço da sala de aula. Os 320 estudantes, além dos software e serviços citados anteriormente, ainda utilizavam outras mídias sociais como: Fotologs, Blogs, jogos eletrônicos (on-line). Também identificou-se o uso do telefone celular e o serviço de e-mail. O primeiro, utilizado para o envio de mensagens de texto (SMS); jogos e escutar músicas. Já o E-mail, no contexto escolar, se restringia ao envio de trabalhos e atividades aos professores. Vale comentar, também, que o tempo diário de permanência on-line era, em média, de seis horas. Destaca-se, ainda, que no período da coleta de dados (2008) foi constatado que não ocorria o acesso à Internet via telefone celular por parte destes estudantes. Em relação aos professores, dos 26 que devolveram os questionários respondidos: 5 utilizavam o MSN, 6 possuíam perfil no ORKUT; os 26 professores utlizavam o e-mail diariamente como forma de comunicação. Houve a devolução dos dados pela equipe de pesquisa para os diretores e professores Os dados supracitados ratificam que nos últimos anos, as mídias sociais fazem parte da vida cotidiana destes estudantes, merecendo destaque a expressiva utilização dos SRS como uma forma sociabilidade.
Constatou-se que tanto para estudantes como para os professores a Internet é uma ferramenta tecnológica pedagógica que serve para pesquisar conteúdos à realização das tarefas escolares e para enviar e receber e-mails de professores. Percebese, não apenas como pesquisador, mas na prática diária como usuário destas tecnologias, que houve um considerável avanço e uma ampliação de diversas possibilidades de comunicação, interação, consumo e produção de conteúdo (de forma colaborativa) através destas mídias. Destacam-se entre as mídias sociais os Sites de Redes Sociais, que desencadeiam diferentes constituições subjetivas, onde as experiências cotidianas apontam diversos modos de produção de conhecimentos,aprendizagens e sociabilidades que se atualizam através da interação em rede. Portanto, é neste sentido que voltamos a acompanhar estes mesmos jovens estudados em 2007, a fim de identificarmos e analisarmos como eles estão se apropriando destas mídias e se as práticas realizadas promovem aprendizagens e construção de conhecimento.



PROBLEMA
Quais subjetividades, que resultam de/em compartilhamentos, interações e aprendizagens, estão sendo constituídas pelos jovens estudantes a partir da utilização das mídias sociais contemporâneas, mais específicamente no Facebook?



QUALIFICAÇÃO DO PROBLEMA
Esta pesquisa foca temas ligados às transformações contemporâneas em relação aos novos modos de aprendizagens, produção de conhecimentos e sociabilidades produzidos no campo virtual, onde as Midias Socais, especialmente os SRS, estão sendo propulsores de novas formas de aprendizagens. Da profusão interativa entre as pessoas, no campo virtual, emergem características de aprendizagens e de sociabilidades não existentes antes da Internet. Consta-se hoje que as tecnologias disponíveis, por sua rápida evolução, e por serem mais acessíveis e atraentes, potencializam os níveis de conexões, contatos e interações on line. A quantidade de informações se avoluma em tempos cada vez menores. Tais mudanças alteram os modos de existência e outras constituições subjetivas estão sendo engendradas no contemporâneo (SPEROTTO, 2002, 2006, 2011). Bem como a produção do conhecimento , as interações on line e as aprendizagens, constituem uma subjetividade que é individual e coletiva (GUATTARI,1992).
Ousamos afirmar que as pessoas estão sendo constituídas em meio a esses dispositivos tecnológicos, que se apresentam diferentes dos que existiam antes do advento da proliferação das Mídias Digitais, o que implica no surgimento de outras 7 Esta pesquisa teve como objetivo principal conhecer como os estudantes utilizavam as Mídias Digitais buscando perceber como as Tecnologias de Comunicação e Informação influenciavam o aprendizado escolar. Também foram investigados os professores, porém eles não constituíram.
Mídias Sociais são ferramentas on-line utilizadas para a divulgação de conteúdo ao mesmo tempo em que permitem alguma interação entre os usuários. As mídias sociais possuem categorias como, por exemplo, as Redes Sociais. Neste trabalho consideramos as mídias sociais, também, como técnologias (dispositivos) produtoras de subjetividades, segundo os pré-supostos teóricos de Michael Focault.
Sites de Redes Sociais,(RECUERO,2009)
Trata-se de aprendizagens interativas. A aprendizagem interativa e coletiva é uma realidade contemporânea, onde a Internet produz, enfim novas subjetividades e aprendizagens (GUATTARI,1999). A Internet é um instrumento de desenvolvimento social que possibilita a partilha da memória, da percepção, da imaginação, das sensações, resultando numa aprendizagem coletiva, advindas de explorações entre grupos humanos, destaca Levy (1997).
A partir do final do século XX, nas diversas áreas das humanidades e das ciências,alardeia-se “um sentimento crescente de desconforto e pressentimento a respeito da sorte do sujeito” (SANTAELLA, 2004, p.45). Cresce a preocupação em torno de uma “crise do eu” ou“crise da subjetividade”, e passa-se então a criticar e rejeitar a definição de um sujeito universal, estável, unificado, racional, autônomo e individualizado. A imagem da subjetividade humana herdada do cogito cartesiano dominou o pensamento ocidental por alguns séculos. De acordo com este conceito, a existência do sujeito é idêntica ao seu pensamento. Trata-se da ideia de um sujeito racional, reflexivo, senhor no comando do pensamento e da ação, cujos pressupostos atravessam as filosofias kantiana, hegeliana, fenomenológica e até existencialista. Apesar da força com que perdurou no tempo, esta ideia de sujeito começou a perder seu poder de influência para ser, então, sumariamente questionada há duas ou três décadas, principalmente na obra de teóricos e filósofos pós-estruturalistas como Foucault, Deleuze, Guattari e Derrida. Passa a circular, no mudo acadêmico, a ideia da subjetividade como algo processual, parcial, precário e pré-pessoal. Não existe uma subjetividade que funcione como “recipiente” onde seriam depositadas coisas essencialmente exteriores a serem “interiorizadas”. Ao entender a subjetividade como um fluxo contínuo de modos de existir fabricado no entrecruzamento de instâncias sociais, técnicas, institucionais e individuais (GUATTARI, 1999), radicaliza-se o entendimento das possibilidades de constituição de modos de ser. Assim, é possível considerar que todos os sujeitos e coletivos humanos, todas as tecnologias, instituições e produtos culturais produzem subjetividades, que nunca são “dadas” ou “acabadas”, mas estão sempre em processos de constituições. Dentro de uma série de dispositivos que produzem novos modos de ser na contemporaneidade, destaca-se aqui a importância que a Internet vem tomando neste contexto. Além dos dispositivos “clássicos” de produção de subjetividade – escola, trabalho,empresa, família, etc – nos confrontamos hoje com um novo espaço antropológico (LÉVY, 1997), que, a todo momento, fabrica novos modos de ser: a Internet. Estes novos modos de se pensar espaços sociais acabam por se constituir de forma rizomática, transitória, desprendida do tempo e do espaço, baseada muito mais na cooperação e nas trocas do que na permanência dos laços (LÉVY, 1997). Através das Redes Sociais na Internet, torna-se possível encontrar zonas de proximidade onde pareceria impossível: compartilhamos ideias, conhecimentos, problemas, dificuldades, desejos, sentimentos - o que dificilmente seria possível fazer entre os que estão fisicamente próximos de nós. Por site de rede social, entende-se aqui uma forma de comunicação mediada pelo computador que permite a “visibilidade e a articulação das Redes Sociais, a manutenção dos laços sociais estabelecidos no espaço offline” (RECUERO, 2009). Neste entendimento, podem constituir-se como Sites de Redes Sociais algumas ferramentas que não necessariamente foram criadas e planejadas com este intuito, mas que foram apropriadas pelos usuários de tal forma. Assim, podem ser entendidos como Sites de Redes Sociais: os flogs# (como porexemplo, o Flickr#), os blogs, as ferramentas de micro-blogging# (como o Twitter#), além de sistemas como Orkut# e Facebook#, mais comumente entendidos como “Redes Sociais”. Deste novo sistema de referência, destacam-se alguns elementos que servem como alusão de uma cartografia a ser desenhada, na intenção de vislumbrar como se dá a produção desta “subjetividade em rede”. Sendo assim, ferramentas e pessoas passam a constituir uma rede híbrida: um espaço onde diferentes tipos de conhecimentos, crenças, desejos e atitudes podem associar-se de maneira livre. Entende-se, então, que o espaço viabilizado por estas redes pode operar não só como extensão da sala de aula, mas possibilita outras aprendizagens e compartilhamentos, deixando aparecerem outros modos de ser estudante (MARGARITES, 2011). Percebe-se que a crescente importância do ciberespaço na vida contemporânea tem transformado a maneira de relacionar-se com o tempo e com o espaço.Em relação ao espaço, ao mesmo que se dá uma dissolução das distâncias geográficas – no sentido de que é possível entrarem contato com realidades absolutamente diferentes daquelas a qual se estariam expostos sem a Internet –, também há uma necessidade de “localizar” sua presença na rede. .(MARGARITTES & SPEROTTO, 2011b). Ousamos dizer que os tempos e os espaços estendidos abrem campos de experimentação para outras aprendizagens e sociabilidades mediadas por ferramentas tecnológicas, uma vez que a educação e a formação de sujeitos não ocorre somente nos espaços formais/tradicionais como a escola e a família, mas também através da mídias sociais que nos ensinam outros modos de ser e estar no mundo, cujos espaços de conhecimentos, crenças, desejos e atitudes podem associar-se de maneira ou de outra.
Em nossas listas de reprodução do YouTube, encontram-se lado a lado obras clássicas, clipes musicais, palestras e vídeos que gravamos com imagens de nossas famílias e amigos.(MARGARITTES & SPEROTTO, 2011b). Os “compartilhamentos” supracitados mostram algumas das diferentes possibilidades, formas, hábitos, velocidades e conexões que as Mídias Sociais oportunizam. Considerando as questões observadas, pensamos que as interações entre estudantes nos Sites de Redes Sociais na Internet favorecem o surgimento de outros modos de “formar-se” enquanto sujeito, professor, estudante, profissional. As redes abrem espaço para novas formas de colaboração e compartilhamento, favorecendo o aparecimento de diferentes referências e modos de vida; ao mesmo tempo, o “estar em rede” imprime outro ritmo às vidas dos que se conectam, dissolvendo as relações geográficas e temporais que estabelecemos até então. Entre tantas modificações, nos cabe ainda indagar: em meio à produção massiva em nível mundial de certos modos de ser, é possível pensar em produzir subjetividades singulares, que escapem às modelizações dominantes neste mundo hiperconectado?
Desse modo, a proposta de pesquisa objetiva investigar como os jovens interagem, aprendem e compartilham conhecimentos transitando entre as Mídias Sociais. Trata-se de um modo de educar-(se) que amplia os laços de sociabilidade em um mundo que se potencializa entre interações e partilhas coletivas entre as pessoas que interagem nos SRS. Talvez, as Mídias Sociais,em especial o SRS Facebook, ao mesmo tempo em que nos impõem determinados modos de ser, também nos ofereçem brechas para fabricarmos outros modos de investigar,: afinal de contas, é sempre possível atrever-se a singularizar.


OBJETIVOS GERAIS E ESPECÍFICOS
Temos como objetivo geral identificar as potencialidades dos Sites de Redes Sociais (SRS), principalmente do Facebook, como uma ferramenta que oportuniza produções de conhecimentos, assim como, novas formas de aprendizagens, subjetividades e sociabilidades, problematizando a sua utilização no contexto educacional como ferramenta pedagógica, a fim de apontar possibilidades de ações e de intervenções no campo do ensino universitário que contemplem o uso destas tecnologias. São objetivos específicos: (1) Mapear as possibilidades que os Sites de Redes Sociais, mais especificamente o Facebook, promovem para a construção e compartilhamento de conhecimentos; (2) conhecer outras mídias sociais e aplicativos que apresentem potencial pedagógico e que estejam sendo utilizados pelos estudantes de maneira integrada ao Facebook; (3) analisar o Facebook como dispositivo de aprendizagem; (4) verificar e registrar o conceito que os estudantes possuem sobre o Facebook e demais mídias sociais como ambientes/ferramentas de aprendizagem; (5) Identificar como as mídias sociais estão sendo utilizadas nos diferentes cursos de Instituições de Ensino Superior onde os estudantes estão matriculados.
METODOLOGIA
Este estudo opera no campo da cartografia, servindo-se das contribuições metodológicas da etnografia virtual para a coleta de dados. A cartografia é um modo de olhar que considera os coletivos humanos, as tecnologias e os discursos como produtores de subjetividades que nunca estão “dadas” ou “acabadas”, mas sempre em processo de constituição. Assim, a cartografia permite aproximações diferenciadas ao campo de pesquisa por estar aberta aos movimentos, aos desvios, à diversidade. O método cartográfico trata de processos construídos durante a sua efetuação, ou seja: não se busca estabelecer um caminho linear para atingir um fim, mas construir um caminho de acordo com as demandas e necessidades que surgem no decurso dos acontecimentos e dos efeitos das proposições nos corpos dos sujeitos. Cabe ao cartógrafo captar as forças que se exercem neste campo e dar-lhes visibilidade. Para Rolnik (2007), o cartógrafo é alguém com tipo de sensibilidade que permita perceber as co-existências entre as macro e micropolíticas, complementares e indissociáveis na produção da realidade social.
A cartografia portanto, oferece subsídios para o pesquisador abordar os “achados” permitindo aproximações de múltiplas produções discursivas. De acordo com Kastrup (2007) o que importa é especular materiais de qualquer procedência e utilizar estratégias que possam servir para cunhar matéria de expressão e criação de sentidos. Deleuze e Guattari (1995) sublinham que a cartografia é uma performance que comporta elasticidade e ritmos num processo de produção do conhecimento, ou seja, nem objetivismo nem subjetivismo, mas um método de autoprodução. Pode-se dizer que a busca do cartógrafo pesquisador em campo está em colocar-se à espreita por meio do olhar, do fazer, do narrar, na busca de sentidos e expressão de singularidades a cada momento, a cada manifestação, a cada nova experimentação. O cartógrafo está sempre em busca de quaisquer elementos que possam fornecer pistas, rastros que possam vir a compor suas cartografias, e que respondam à pergunta: que subjetividades estão sendo constituídas?
Os processos que constituem subjetividades, segundo Guattari (1999), “não são resultado da somatória de subjetividades individuais, mas sim do confronto com as maneiras com que, hoje, se fabrica a subjetividade em escala planetária” (p. 37). Desta forma, a produção de subjetividade não pode ser investigada apenas através do contato do pesquisador com cada um dos sujeitos, mas também através da observação nos espaços de relação “entre” estes sujeitos - das conexões entre os sujeitos. Neste aspecto, a cartografia, quando trata das redes sociais na internet, tem a vantagem de trabalhar com dados que permanecem “visíveis”, registrados na rede. ((MARGARITES, 2011). O método cartográfico “visa acompanhar um processo e não representar um objeto” (Kastrup, 2007, p.2). A cartografia, então, é uma espécie de tentativa de se criar um mapa em movimento dos processos de constituição de subjetividade. O cartógrafo-pesquisador é atento às surpresas e aos descaminhos, pois é do inesperado que podem emergir as questões instigantes, as singularidades mais desafiadoras. De um lado temos a cartografia como forma de ‘olhar os dados’ e de outro temos a etnografia virtual como método de captura e de coleta destes dados, cuja ênfase está numa proposta de investigação na Internet que enriquece as vertentes da perspectiva de inovação e melhoramento social dentro do espectro do enfoque qualitativo de metodologia e prática social (FRAGOSO; RECUERO; AMARAL, 2011;KOZINETS,2002, 2010,2008).
O termo etnografia virtual ou “netnografia” foi cunhado a partir da década de oitenta por Robert V. Kozinets (1998), especialista em marketing com interesse especial em cibermarketing. Segundo o autor, (KOZINETS, 1998), a netnografia, ou etnografia virtual, compreende tanto o trabalho de campo como a descrição textual e são metodologicamente conduzidas pelas tradições e técnicas da antropologia cultural. Resulta do trabalho de campo que estuda as culturas e comunidades on-line emergentes, mediadas por computador, ou comunicações baseadas na Internet, requerem métodos de “pesquisa on-line” adaptados e pertinentes a esta realidade. Independente do termo utilizado, um fato interessante a se considerar é que o incremento de pesquisas de cunho antropológico no ciberespaço é um sinal de que a Internet não é mais apenas considerada um artefato cultural passando a ser considerada também como um contexto cultural (ou espaço por onde se configuram territórios e subjetividades).. Na visão de Kozinets (1997), a netnografia pode ser utilizada de três maneiras: a) como metodologia para estudar comunidades virtuais puras; b) como metodologia para estudar comunidades virtuais derivadas; c) como ferramenta exploratória para estudar diversos assuntos. Para este autor, as comunidades virtuais puras são aquelas cujas únicas interações se dão nas comunicações mediadas pelo computador. Assim, no âmbito desta pesquisa, a coleta e as análises dos dados buscam ancoragem nas proposições metodológicas supacitadas.

ETAPAS DA PESQUISA
Esta pesquisa será desenvolvida articulando dinâmicamente as 4 etapas, que se subdividem em outros micro processos:
A primeira etapa é composta pelos seguintes processos: (1) Formação do grupo de estudantes (Estudantes de iniciação científica, estudantes voluntários da graduação e mestrandos da UFPEL) e pesquisadores envolvidos, objetivando estabelecer a distribuição das ações para cada membro do grupo. Utilizando um grupo privado dentro do Facebook como ferramenta de comunicação, compartilhamento de informação e para a discussão de demais temas referentes à pesquisa. (2) Levantamento bibliográfico, fichamentos e a sistematização das informações sobre os temas e metodologias que compõem corpo teórico da pesquisa. (3) A partir das lista de nomes que consta no banco de dados da pesquisa anterior (2007), realizaremos o rastreamento dos 320 estudantes buscando identificar o perfil de cada um no Facebook. E assim, solicitar a participação nesta pesquisa. Nesta fase é necessário esclarecer aos estudantes que não haverá divulgação da identificados dos dados coletados quando analisados e publicados; sendo assim, solicitaremos o preenchimento de um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (este termo será preenchido on-line), informando aos participantes os objetivos e procedimentos adotados ao longo do estudo. (4) Criação de uma página do Facebook (fan page) que servirá como canal de comunicação e interação entre o grupo de pesquisa e os sujeitos estudados. As Análises dos resultados da investigação serão sistemáticamente apresentadas aos estudantes envolvidos, através desta página onde disponibilizaremos os resultados obtidos e abriremos espaços para comentários e demais discussões. Desta forma, esta página também atuará como um veículo de divulgação de informações a cerca da pesquisa, ampliando a sua visibilidade e promovendo o reconhecimento, por parte dos estudantes, da relevância de suas contribuições para o desenvolvimento do estudo. Pretende-se com isso despertar o interesse dos estudantes e aguçar-lhes a curiosidade para perceberem que a produção do conhecimento pode acontecer por trocas partilhadas e potencializadas em rede. (5) Reuniões semanais com estudantes e professores envolvidos na pesquisa.
Na segunda etapa realizaremos: (1) Planejamento e montagem de um questionário com a ferramenta de formulários do Google Docs, seguido da sua publicação (disponibilizá-lo on-line) para, então, passarmos a convidar os alunos, através do Facebook, para o preenchimento. Este instrumento conterá questões estruturadas e semi-estruturadas, de caráter qualiquantitativo. (2) Produção de análises parciais dos dados recolhidos através dos questionários.
A terceira etapa é composta por: (1) Analisar os dados e apresentar, a partir de infográficos, os resultados aos sujeitos envolvidos, através da publicação destes dados na página do Facebook, onde abriremos espaços para comentários e demais discussões. Desta forma, esta página também atuará como um veículo de divulgação de informações a cerca da pesquisa, ampliando a sua visibilidade e promovendo o reconhecimento, por parte dos estudantes, da relevância de suas contribuições para o desenvolvimento do estudo. Pretende-se com isso despertar o interesse dos estudantes e aguçar-lhes a curiosidade para perceberem que a produção do conhecimento pode acontecer por trocas partilhadas e potencializadas em rede. (2) Examinar as interações destes estudantes a partir do monitoramento dos seus perfis no Facebook, a fim de identificar como os espaços viabilizados pelas Redes Sociais da Internet operam como extensão da sala de aula e de que forma possibilitam a invenção de outras aprendizagens, modos de interação e partilha de conhecimentos. (3) Descrição da cartografia da subjetividade, os modos de aprendizagens, produções de conhecimentos e sociabilidades visibilizadas nas análises dos dados coletados e na profusão interativa entre as pessoas, no campo virtual. (4) Análises parciais dos dados e encaminhamento de artigos para eventos científicos da área, tendo como referencial teórico os subsídios teóricometodológicos da pesquisa. (5) Comunicação de resultados parciais por meio de participação em eventos da área e encaminhamento de artigos para periódicos especializados. (6) Reuniões semanais com estudantes e professores envolvidos na pesquisa.
A quarta etapa baseia-se nas análises conclusivas, compostas por: (1) Produção das análises conclusivas a partir dos dados coletados no questinário on-line e nas interações estabelecidas via página do Facebook. (2) Publicação de artigos em periódicos especializados, apresentação de trabalhos em congressos nacionais e internacionais, e ofertar oficinas e palestras para escolas e IES das públicas e privadas de ensino. Divulgação dos resultados finais da pesquisa, através da página do Facebook. (3) Reuniões semanais com estudantes e professores envolvidos na pesquisa.

METAS E RESULTADOS ESPERADOS
A pesquisapossui as seguintes metas: (1) Oportunizar debates, discussões e reflexões sobre utilização das mídias sociais por parte dos estudantes, professores,Instituições de Ensino Superior, escolas públicas e privadas; (2) contribuir com a produção científica na área das Tecnologias da Educação e da Comunicação, através da publicação de artigos científicos que enfatizem o tema central da investigação; (3) apresentar trabalhos em eventos científicos internacionais, nacionais, regionais e locais, possibilitando a divulgação e discussão sobre os achados da pesquisa; (4) organizar um evento científico regional sobre o tema, possibilitando o compartilhamento de pesquisas que estão sendo desenvolvidas; (5) congregar subsídios à formação de pesquisadores na área da educação (mestrandos, doutorandos e de iniciação científica). Como resultados esperados pensamos que os achados da pesquisa contribuirão para a reflexão crítica sobre novas práticas e metodologias que contemplem o uso das mídias sociais como ferramentas pedagógicas, aumentado as possibilidades de ações dos professores junto aos estudantes.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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