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quarta-feira, 12 de novembro de 2014

REDES SOCIAIS COMO AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM

No 3º People.NET in Education: Congresso de Redes Sociais Aplicadas à Educação, serão apresentados trabalhos do Brasil todo sobre essa nova geração e como os educadores devem trabalhar com esse novo perfil!

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Esse congresso você não pode perder! 


Esse artigo foi apresentado no II People.NET in Education: Congresso de Redes Sociais Aplicadas à Educação.

Título: Redes Sociais como ambiente virtual de Aprendizagem: Expectativas dos alunos do curso de Publicidade e Propaganda. 

Autores: 
SIMONE ALVES DE CARVALHO 


Esse congresso você não pode perder! 


RESUMO
Este artigo busca entender a relação que o corpo discente tem com as disciplinas que são ministradas de forma virtual dentro dos cursos presenciais. As instituições de ensino superior, dentro do que é permitido pela legislação, oferecem até 20% de sua carga horária em aulas a distância, o que é motivo inclusive de evasão escolar. Analisaremos como é a visão dos alunos dessas aulas e quais são suas próprias sugestões para melhoria das mesmas.

PALAVRAS CHAVES
AVA (Ambiente Virtual de Aprendizagem); EAD (Educação a Distância).




INTRODUÇÃO
Esta pesquisa foi realizada com o objetivo de finalizar a monografia do curso de Especialização em Metodologias e Gestão para Educação a Distância que estou estudando.

O motivo que a originou foram as constantes queixas, por parte dos alunos, que recebo como Coordenadora do Curso de Publicidade e Propaganda, sobre as disciplinas ministradas no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA).

Esta instituição, uma das maiores redes de ensino superior do país, cuja identidade será preservada neste artigo, segue a prerrogativa do MEC de que até 20% da carga horária da graduação pode ser ministrada através da educação a distância (EAD), e algumas de suas disciplinas foram estabelecidas para serem ministradas através da plataforma Moodle.

Entretanto, essas disciplinas geram a insatisfação de parte significativa dos alunos, pelos motivos que serão expostos abaixo, o que inclusive acarreta na desistência de um porcentual alto dos ingressantes no curso. Para as instituições de ensino superior (IES), é importante a existência das aulas online, seja por estar inserida na questão da contemporaneidade digital, seja por uma questão financeira.

Neste artigo, apresentaremos uma discussão sobre as disciplinas implantadas no AVA e a percepção destas por parte dos alunos, bem como suas próprias sugestões para a melhor utilização das redes sociais como meios de aprendizagem.

DISCIPLINAS AVA NO CURSO DE PUBLICIDADE E PROPAGANDA


As aulas EAD são uma realidade nos cursos superiores. Motivadas tanto pela inserção digital quanto pela economia de recursos financeiros que implica, as IES mantêm até 20% da carga horária em disciplinas oferecidas no AVA. As disciplinas oferecidas neste modelo são escolhidas pelas próprias IES, através de estudos próprios. O uso do AVA assegura a manutenção de um determinado custo previamente aprovado pelo departamento financeiro da IES, mas a qualidade dessas aulas não pode ser diminuída por este fator. Uma disciplina AVA pode ser ministrada por um professor doutor e ter como tutores, professores especialistas na área, o que reduz drasticamente os gastos com professores doutores nas unidades e não compromete a qualidade acadêmica das aulas gravadas, por exemplo. O ensino a distância surge no século XVIII, quando foi desenvolvido o método de estudo por correspondência para a educação de mulheres [1]. A Revolução Industrial possibilitou “explorar as possibilidades da produção, da distribuição em massa e das tecnologias dos correios e das ferrovias” (Piva, 2011, p. 3). Já no século XX, surge a possiblidade de novas mídias serem utilizadas para a EAD, como rádio, TV, fitas cassetes e até telefones [2], principalmente com o intuito de atingir as populações mais afastadas dos grandes centros. Entretanto, foi com o advento e a popularização da internet que a EAD começou a ser tratada como uma revolução no ensino, notadamente na primeira década do século XXI.

Ao nosso objeto de estudo, o ensino superior, é permitida por lei que até 20% da carga horária do curso de graduação seja oferecida na modalidade a distância. Hoje as IES utilizam principalmente a internet para esse fim, ao lado da educação corporativa, estudos extracurriculares e cursos de extensão e pós-graduação.

A EAD pressupõe um aluno autônomo, que entenda que seu aprendizado é responsabilidade própria e não é centrada no professor, como conhecedor profundo do conteúdo e transmissor destas informações. A EAD concebe um aluno proativo, que deve ter liberdade para estudar de acordo com sua disponibilidade e objetivos, entretanto, não deve ser um estudo solitário, mas o papel da instituição de ensino é proporcionar trocas e facilitar interações com outros interessados no tema [3].

Apesar do entusiasmo que as IES demonstram no que tange as aulas no AVA, especialmente quando levado em consideração a economia obtida com pagamento de professores e demais custos relacionados com a estrutura física da unidade, são poucos os estudos sobre os efeitos reais por essa escolha educacional. Entre os itens mais questionados estão as poucas evidências empíricas que demonstrem a efetividade da aprendizagem no EAD; as dificuldades dos alunos com o ambiente virtual; o feedback aos alunos; a produção de materiais pensados para disciplinas presenciais; a resistência por parte de docentes e discentes; a falta de suporte técnico, equipamentos e programas adequados [1].

Também são consideradas características da sociedade da informação de extrema relevância para a educação o excesso de informação e a facilidade de acesso a ela, o que não garante sua qualidade e confiabilidade, assim como provoca desgaste mental e psicológico para tentar acompanhar toda a informação produzida; a escassez de espaço para abstração e reflexão, de maneira que temos a informação e nem sempre conseguimos colocar em prática os novos conhecimentos adquiridos; a proeminência do espetáculo em detrimento da razão, de maneira que o sensacionalista chama muito mais a atenção do que as questões que impactam no cerne da sociedade; a primazia no não-lugar e do não tempo, pois podemos fazer nossas atividades em qualquer espaço, seja ele local ou temporal, o que dificulta as relações interpessoais físicas; a homogeneização cultural, transformando nossa cultura em um pastiche aculturado, no qual não nos reconhecemos em um simulacro de nós mesmos; e o surgimento de novos tipos de preconceitos sociais, dividindo a sociedade entre frequentadores de determinada rede social ou possuidores de determinado equipamento tecnológico [4].

Na instituição em que essa pesquisa foi conduzida, as disciplinas online são divididas em duas partes: disciplinas do núcleo comum, em que se supõe que algumas disciplinas, como Ética, Direitos Humanos e Responsabilidade Social e Meio Ambiente, consideradas fundamentais para a construção da visão crítica do cidadão, então todos os cursos da instituição as oferecem; e disciplinas específicas, que são parte da formação do curso de Graduação em Publicidade e Propaganda, mas cujos professores devem ter formação em outras áreas do conhecimento, como Direito e Legislação, Estatística e Teoria Geral da Administração, o que contabilizaria um custo extra para manter professores com apenas uma disciplina no curso, e consequente pouca interdisciplinaridade dentro da área de formação do aluno.



PERCEPÇÃO DOS ALUNOS SOBRE AS DISCIPLINAS AVA
As disciplinas oferecidas pelo AVA, na faculdade em que este estudo foi conduzido, obedece algumas características listadas por Piva (2011, p. 6) como unanimidades no que tange a EAD: distância física entre corpo docente e discente; planificação dos materiais de aprendizagem; uso da internet como plataforma de interação; comunicação bidirecional; encontros presenciais; e educação industrializada. Estas características foram apresentadas aos alunos na pesquisa qualitativa realizada.
Apresentaremos os dados preliminares das entrevistas qualitativas [5] realizadas, utilizando o método de grupo focal [6], com 8 alunos selecionados para este fim, classificados de acordo com a tabela 1, escolhidos de acordo com a série em que estavam e entre pesquisadores de Iniciação Científica e não. As identidades dos alunos foram preservadas, de acordo com pedidos dos próprios, e serão doravante denominados por números de 1 a 8.

Tabela 1. Classificação dos alunos entrevistados
Aluno (a) Sexo Idade Série IC

1 Masculino 24 7ª Sim
2 Feminino 25 7ª Não
3 Feminino 26 5ª Sim
4 Masculino 25 5ª Não
5 Feminino 26 3ª Sim
6 Masculino 20 3ª Não
7 Masculino 19 1ª Sim
8 Feminino 20 1ª Não

As entrevistas abrangeram os seguintes grandes temas: qualidade na educação superior; disciplinas oferecidas no AVA; interação com docentes e discentes na EAD; encontros presenciais; diferenciação para o mercado de trabalho; uso da mídia internet.

Os alunos entrevistados observaram que, no que tange a qualidade na educação superior, eles se sentem prejudicados com as aulas no AVA, porque têm a impressão que não aprenderam nada. Os alunos da 7ª série se sentem ainda mais prejudicados, pois estão realizando seus trabalhos de conclusão de curso e são cobrados de conteúdo de disciplinas que tiveram online. Para o estudante 2, “as aulas AVA foram inúteis, pois agora temos que fazer as coisas e nós não as aprendemos direito”. O estudante 1 completa: “nós fizemos a matéria de Estatística, mas é como se não a tivéssemos feito, pois tive que fazer gráficos para a Iniciação Científica e minha orientadora teve que ajudar, pois a matéria não ensinou isso”. Perguntados sobre as habilidades técnicas adquiridas em aulas presenciais para uso de programas próprios da área como Illustrator e PhotoShop, o aluno 1 respondeu “tem gente na sala que não sabe usar, mas tem gente que só paga a faculdade e nunca vem mesmo”.

As disciplinas ofertadas no AVA também foi motivo de discórdia, pois segundo o estudante 3 “estamos pagando por um curso presencial, não EAD”. Ao serem perguntados se, quando fizeram matrícula, eles foram informados sobre as aulas no AVA, foram unânimes em dizer que não sabiam, caso soubessem, não teriam feito matrícula. Entretanto, ao serem questionados do porque não procuram outra faculdade, o discurso recai sobre a questão financeira. O estudante 2 aponta que é bolsista 100%, e que se desistir do curso, tem uma cláusula do contrato que o obriga a pagar todas as mensalidades retroativas com juros, o que ele não teria condições de fazer. O estudante 4 diz que é a única faculdade da região que tem uma mensalidade cuja família pode pagar e o estudante 8 fala que a IES tem convênio com a empresa na qual ela trabalha, logo, a escolha da faculdade foi feita pela empresa e não por ela. A discussão levou ao assunto qual a melhor e a pior aula no AVA, e os alunos colocaram que Estatística foi muito difícil, pois eles tinham uma base do ensino fundamental muito ruim, o que aumentou o grau de dificuldade da disciplina, Outra considerada muito difícil foi Estudo Linguístico de Textos Publicitários, que aborda questões como Semiótica, e novamente foi apontada a falta de base do ensino fundamental e médio para uma matéria tão complexa. Interrompi o grupo, afirmando que a IES oferece oficinas de Língua Portuguesa e Matemática, gratuitamente e também no AVA, para que os alunos recuperassem esses conteúdos, ao que o aluno 4 respondeu prontamente “professora, a senhora sabe que a gente faz essas oficinas por fazer, só para ganhar horas de Atividades Complementares”. Sobre as melhores disciplinas, foram apontadas Responsabilidade Socioambiental e Meio Ambiente e Direitos Humanos, segundo os alunos, por serem matérias “fáceis para passar de ano” (aluno 4), cujos conteúdos não passam de “senso comum, que não agregaram nenhum conhecimento novo” (aluna 5). Questionados sobre considerarem melhor as disciplinas nas quais não aprenderam nada, a aluna 2 disse que “já que era para ficar sem fazer nada, que pelo menos não fossem reprovados”. Perguntados sobre se consideravam alguma aula adequada para o AVA, responderam Teoria Geral da Administração, Estética e História da Arte e Teorias da Comunicação. Os estudantes 1 e 2 disseram que “as aulas no último ano podiam ser todas online, para a gente ter mais tempo para o TCC”.

Os estudantes da 1ª série apontaram a dificuldade para acessar as aulas como um grande problema das aulas virtuais e para o estudante 7, o grande problema das aulas AVA é que a faculdade não oferece internet wi-fi para aqueles que tem notebook ou tablet e os laboratórios não são suficientes para a quantidade de alunos, além de estarem sucateados. Também acharam que a existência de um tutor presencial seria melhor do que o tutor virtual.

O aluno 6 declarou que ficou reprovado em uma disciplina AVA porque o sistema não contabilizava suas frequências, o que abriu espaço para discussão de várias queixas em relação ao sistema utilizado. Os alunos também observaram que nem todos os alunos têm computador bom ou internet rápida em casa, “aí não dá para ver os vídeos” (aluno 4).

Perguntados sobre a questão da interação com o docente da matéria, o aluno 7 foi categórico ao afirmar que não existia um professor. O estudante 3 falou que o professor era quem apresentava os vídeos postados no Moodle, mas não era ele quem corrigia os trabalhos e provas. Os alunos 7 e 8, da 1ª série, que ainda não tinham feito provas das disciplinas AVA perguntaram como eram e a resposta do aluno 6 foi “não se preocupa, é fácil pra colar. É teste e o professor que aplica nem é nosso professor e não tá nem aí se você tá colando”, ao que a aluna 5 disse “é fácil pra colar, mas as provas são muito difíceis. Eu acho que a gente não aprende nas aulas online igual a gente aprende nas aulas normais, só que a cobrança das provas é muito maior. Os professores da gente são mais legais, dão chance, ajudam a gente. Na aula online não, a gente tem prazo pra tudo, não aceita depois, nem que a culpa seja da faculdade porque o site tá fora do ar no dia da entrega”, ao que o aluno 1 disse “tem gente que acha que a faculdade tira o site do ar de propósito no dia da entrega dos trabalhos, para que a gente tenha que pagar a recuperação”.

Outro ponto definidor das aulas EAD é a interação com os colegas, pois ela se dá muito diferentemente da relação na sala de aula presencial. Nas aulas AVA, o sistema cria grupos de alunos para estudos entre as diversas unidades, de maneira que eles não se conhecem fisicamente. A aluna 2 disse que “uma vez, tinha um trabalho que ficou na mão de um outro aluno de outra unidade, só que ele desistiu do curso e não avisou ninguém. Todo mundo ficou com nota zero no trabalho”. Os demais alunos não acharam esse ponto tão ruim, pois, segundo a aluna 5, “os alunos têm que saber suas responsabilidades, não importa se a aula é de verdade ou não, a gente tem que estudar senão quem é prejudicado é a gente mesmo”. Perguntados sobre a realização dos trabalhos, individuais ou em grupo, o aluno 1 disse “quando a gente tava no 1º ano, eu peguei o trabalho da Wikipédia, postei no site e tirei dez. Aí depois meu grupo fez a mesma coisa numa aula e o professor deu zero pra gente, mas aí ele ficou com dó e mandou refazer valendo menos. Ele falou que era plágio, mas a gente não sabia.” Perguntados se essa situação modificou o comportamento deles, ele respondeu “nas aulas online a gente continua copiando, muda uma coisinha e só. Nas aulas a gente tenta pesquisar mais, em outros sites, outros blogs”.

Os encontros presenciais acontecem apenas no dia da prova, e com professores escolhidos aleatoriamente pela instituição para a aplicação e correção das mesmas, mediante gabaritos. O aluno 6 disse que a classe dele organizava grupos de estudos para as aulas online, seguindo orientações da coordenação, mas que “no final do semestre, ninguém mais vai, fica todo mundo fazendo os trabalhos das outras matérias”. O aluno 7 disse “não aprendo nada com aulas online, pra mim é bem melhor quando a gente tem aula de verdade”.

O mercado de trabalho é uma preocupação para todos os universitários, e ao serem questionados se eles acham que as aulas no AVA ajudam ou atrapalham, o aluno 1 respondeu “ah, isso depende do aluno. Depende um pouco da faculdade, do nome dela, mas depende mais do aluno. Se ele teve aula com professor e não estudou, ele também não aprendeu nada”. A aluna 3 disse que “em uma entrevista de emprego me perguntaram se eu tinha aulas online e se eu tinha passado nelas”. Apresentei a ideia de que a aula online torna o aluno mais proativo e autônomo, o que o aluno 6 respondeu “se a gente ficar melhor por causa da aula online, então vale”. Ao ser observado que o que faz o aluno ficar melhor é o estudo e o esforço pessoal, o aluno 4 respondeu “é, mas nem sempre a gente faz isso...”

Sobre a plataforma utilizada, o Moodle, o aluno 1 resumiu “a gente vê um vídeo, que o professor fica lendo o PowerPoint, depois a gente tem um texto pra ler e os exercícios para avaliação, que a gente anota as respostas certas para tirar nota alta. Tem também os trabalhos, alguns individuais, outros em grupo com quem a gente nem conhece. Aí tem a prova presencial, que é bem difícil”. Perguntados se acham esse método diferente da aula presencial, o estudante 8 respondeu “Acho que só serve pra faculdade ganhar mais dinheiro porque não tem que pagar o professor”. Ao serem perguntados se colocam dúvidas no fórum, o aluno 6 perguntou “tem isso lá?” e a aluna 2 respondeu “tem sim, mas o tutor não entende a pergunta e responde qualquer coisa”.

Perguntados sobre como tornar a aula online mais atrativa, o aluno 7 repetiu “eu pago para ter aula presencial, não a distância”. Os alunos da 7ª série disseram que se tivesse sido ensinado como usar o AVA, seria melhor. “A gente não sabia mexer no computador, a gente não tinha computador em casa” (aluno 2), “uma vez eu gravei no celular a aula de um professor, ficou igual a aula do AVA” (aluno 4).
Introduzi o tema das redes sociais e perguntei “eu envio para vocês, pelo Twitter, os eventos, cursos, dicas de leitura e outras informações para as Atividades Complementares. Vocês recebem?”, ao que a maioria respondeu que sim. “Vocês acham isso útil?”, e obtive mais uma resposta positiva. “Então, e esse modo de usar as redes sociais, vocês acham que servem para as aulas a distância? Como vocês acham que poderia ser utilizado?”

O aluno 1 disse que seria interessante se as aulas online fossem “mais dinâmicas”, a aluna 3 disse que “ficaria mais motivada a fazer as aulas online se eu soubesse que tem alguém lendo de verdade o que eu faço” e até o aluno 7 disse que “seria bom se a gente tivesse resposta do que a gente faz e se as aulas fossem melhores”. E de que maneira essas aulas seriam melhores? “Por exemplo, eu trabalho numa empresa que tem filial em outro Estado, às vezes a gente faz reuniões usando teleconferência, então todo mundo aprende com os problemas e com as soluções que foram tomadas” (aluna 5). Perguntados sobre quais poderiam ser as redes utilizadas, foram pontuadas Facebook, YouTube, Twitter, blogs. Aluna 2 disse “a gente usa as redes sociais o tempo todo. Quando a aula tá chata, a gente fica no Facebook, ia ser bom se a gente pudesse aproveitar para aprender alguma coisa, porque na maioria do tempo a gente fica a toa”. O aluno 6 disse “tem tantas redes sociais, teve um trabalho que a gente teve que fazer uma propaganda, a gente podia ter postado no YouTube, por exemplo, e ver os comentários como avaliação”. O aluno 7 concordou com a ideia “É mesmo, a gente podia até ficar famoso”.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar da grande resistência às aulas no AVA, tanto por parte do corpo discente como do corpo docente, isto é uma realidade e as IES continuarão as utilizando enquanto for possível.

O corpo docente considera o uso das aulas a distância como uma maneira de diminuir o custo com capital humano, pois, dessa maneira, os professores doutores, mais caros para a instituição, se tornam supérfluos e os tutores, professores especialistas que recebem por quantidade de alunos e não por hora-aula, recebem menos. Também não há interesse de maior qualificação do material humano, para garantir uma folha de pagamento menos onerosa.

Por sua vez, o corpo discente acredita que as aulas no AVA não são aulas de verdade, pois acham que é melhor ter um professor presencial. Como foi observado nas entrevistas, os alunos acreditam que aprendem mais com o professor ao lado e que as aulas AVA poderiam ser melhor aproveitadas se no final do curso, para terem tempo livre, o que é um erro conceitual.

Ambos, docentes e discentes, estão presos em um paradigma de professor presencial e sala de aula fechada em quatro paredes, entretanto, nosso mundo hoje está mudando para uma virtualidade cada vez maior. Acreditamos que as aulas no AVA devam ser melhoradas em seu conceito e conteúdo, pois do jeito que estão, elas reproduzem o modelo presencial, transmitido através da internet, seja em atividades síncronas ou assíncronas. O uso das redes sociais pode quebrar esse preconceito, como colocados pelos próprios alunos nesse artigo. Deve ser mudada também a impressão que aula online não é aula de verdade, o que acontecerá quando os alunos perceberem o quanto aprenderam com essa metodologia. Já para os docentes, as aulas online muitas vezes significa muito mais trabalho, e as IES devem entender que a remuneração dos mesmos deve seguir o volume de trabalho e a qualidade do mesmo, para que todos entendam que a contemporaneidade inclui a tecnologia e somos dependentes dela de maneira inexorável.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] PIVA Jr, Dilermando [et al.]. EAD na prática: planejamento, métodos e ambientes de educação online. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.
[2] MAIA, Carmem e MATTAR, João. ABC da EAD: a educação a distância hoje. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.
[3] SEMLER, Ricardo; DIMENSTEIN, Gilberto; COSTA, Antonio. Escola sem sala de aula. 2 ed. Campinas, SP: Papirus, 2004.
[4] COLL, César; MONEREO, Carles. Educação e aprendizagem no século XXI. In COLL, César; MONEREO, Carles (orgs.). Psicologia da educação virtual: aprender e ensinar com as tecnologias da informação e da comunicação. Porto Alegre: Artmed, 2010.
[5] Duarte, Jorge. Entrevista em profundidade. In DUARTE, Jorge e BARROS, Antonio (orgs.). Métodos e técnicas de pesquisa em comunicação. São Paulo: Atlas, 2005.
[6] COSTA, Maria Eugênia Belczak. Gupo focal. In DUARTE, Jorge e BARROS, Antonio (orgs.). Métodos e técnicas de pesquisa em comunicação. São Paulo: Atlas, 2005.

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