Autores: Beatriz Scavazza,
Fernando Silva, Ghisleine Trigo, Luis Marcio Barbosa e Renata Simões
Resumo: O projeto ESCOLA COM
CELULAR propõe o uso de Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) – mais
especificamente uma rede social e os telefones celulares – como ferramentas de
apoio para as atividades escolares. A
sustentabilidade é o eixo norteador de projetos interdisciplinares que têm o ambiente escolar,
o doméstico e a cidade como espaço de
estudo e intervenção.
A proposta é ir além dos muros da
escola para:
· utilizar os dados da realidade
para estimular a aprendizagem dos conteúdos e desenvolver habilidades e
competências descritas no currículo escolar;
· estimular a participação e o
convívio social na escola e na cidade;
· praticar a inclusão digital e
suas premissas: mobilidade, conectividade e sustentabilidade.
Palavras-chave: sustentabilidade;
mobilidade; colaboração.
Como os professores podem utilizar as tecnologias
disponíveis atualmente em sua prática pedagógica? Como formar cidadãos capazes
de interagir, conviver e se relacionar com seus pares e com o mundo? Vivemos um
momento de mudança de paradigmas, com a incorporação de novas tecnologias aos
projetos pedagógicos.
Uma das formas de aliar o ensino às práticas digitais é o
mobile learning. Por meio do telefone celular, os alunos aprendem de maneira
diferenciada: rápida, interativa e estimulante, fora da sala de aula. Outra
forma é o uso de redes sociais, que permitem o trabalho colaborativo, a
discussão e o compartilhamento de informações.O projeto Escola com Celular alia
essas estratégias com o objetivo de contribuir com as aprendizagens dos alunos.
PREMISSAS DO PROJETO
- Seu eixo norteador é o tema “sustentabilidade”.
- É iniciado com uma formação docente que apoia o professor a implementar e aplicar o projeto, tanto no âmbito tecnológico quanto pedagógico.
- A proposição de atividades é feita com base nos conteúdos, competências e habilidades previstos no currículo escolar vigente.
- É organizado em projetos interdisciplinares que têm o ambiente escolar, doméstico e a cidade como espaços de estudo e intervenção do aluno como cidadão responsável pelo meio em que vive.
- Utiliza as tecnologias disponíveis nas escolas e os telefones celulares dos alunos.
O PROJETO
O Escola com Celular é realizado em cooperação entre a
Fundação Carlos Alberto Vanzolini e Secretarias da Educação para o trabalho com
professores e alunos do 9º ano do Ensino Fundamental. O 9º ano foi escolhido
por ser um momento crítico da vida escolar dos jovens, que estão concluindo o
Ensino Fundamental; o índice de evasão escolar é grande.
Nessa faixa etária os alunos têm, em geral, bastante
familiaridade com o uso de tecnologias. Segundo pesquisas realizadas pela
Fundação Vanzolini, mais de 90% dos alunos possuem telefones celulares.
Os celulares, tão familiares aos nossos alunos, são trazidos
intencionalmente para a sala de aula para que sejam utilizados como uma
ferramenta; uma estratégia de aprendizado. A ideia é trabalhar o que já tem que
ser trabalhado, mas de uma forma diferente.
Pretende-se envolver professores e alunos em uma discussão
sobre os problemas locais relativos à sustentabilidade, como: o consumo de água
e energia elétrica e a questão de produção de resíduos e, com isso, buscar
alternativas viáveis para lidar com esses problemas.
Como apoio para desenvolver o projeto, contamos com uma rede
social onde todos - alunos e professores - podem se encontrar e debater os problemas
que comprometem a sustentabilidade e, portanto, a qualidade de vida. Esse
também é um espaço para a elaboração coletiva e a discussão de propostas de
solução para os mesmos problemas.
Por meio da coleta e compartilhamento de dados e
informações, propomos o mapeamento de ações de promoção de sustentabilidade na
escola, no bairro e na cidade.
O projeto, que supõe a participação de várias disciplinas,
conta com três fases. Para cada fase, propõe-se um conjunto mínimo de
atividades, todas elas envolvendo algum tipo de recurso tecnológico.
AS ATIVIDADES
As atividades sugeridas são divididas em três fases.
Na primeira fase do projeto, a esfera de investigação é a
escola. As atividades propostas para essa fase inicial sugerem estratégias para
apresentar o projeto aos alunos e, também, para que eles investiguem questões
como: as condições de consumo de água e energia pela comunidade escolar, a
produção, o armazenamento e a destinação dos resíduos da escola. Espera-se que
elaborem propostas de intervenção no espaço escolar, sempre que necessário, e
como resultado, que estimulem os alunos das demais séries a adotar atitudes e
comportamentos mais sustentáveis.
Na segunda fase, a esfera de investigação é a família,
quando, além de investigar em suas casas os mesmos aspectos observados na
escola - o consumo de água e energia elétrica e a produção e o descarte de
resíduos, por exemplo – os alunos são convidados a identificar valores, hábitos
e procedimentos que contribuem para a redução ou o aumento da produção de
resíduos e do consumo de água e de energia, sempre com a finalidade de elaborar
propostas quecontribuam para a adoção de princípios sustentáveis no cotidiano
doméstico.
Por fim, a terceira fase do projeto está focada na
comunidade mais ampla: o bairro, ou até mesmo a cidade. Nessa fase,os alunos
podem fazer o diagnóstico do entorno e pensar em propostas para socializar
essas informações com a comunidade ou mesmo propor mudanças viáveis para essa
realidade.
As atividades do projeto também preveem, para a terceira
fase, o georreferenciamento de locais da cidade que tenham relação com o
projeto. Essa atividade permite a todos ter uma visão panorâmica dos problemas
e também dos parceiros envolvidos e interessados na mudança, como: pontos de
coleta seletiva, ONGs ligadas à proteção do meio ambiente e tantos outros.
Nessas três fases, o percurso metodológico proposto prevê o
envolvimento dos alunos em atividades de observação, de análise e de
intervenção na realidade. Nas atividades de observação e registro, os alunos
podem coletar dados e informações sobre a realidade, com o objetivo de
diagnosticar a situação observada.
Nas atividades de análise do diagnóstico, os alunos podem
identificar as principais variáveis que interferem na realidade observada, como
elas afetam a situação de sustentabilidade e, se for o caso, como podem ser
enfrentadas.
Com base nessa análise, espera-se que sejam propostas as
atividades de intervenção na realidade, com o objetivo de mudar a situação
diagnosticada.
AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM (AVA) PARA PROFESSORES
No AVA, os professores e gestores envolvidos têm a
oportunidade de conhecer o projeto e espaço para discutir possibilidades e
alternativas, relatar a implementação do projeto e adequar as atividades
propostas à realidade e às demandas de sua escola. São disponibilizados 4
módulos de aula. Cada módulo possui vídeos, textos de apoio, fórum etc. Além disto,
com a possibilidade de envio e recebimento de SMS, os professores podem sugerir
atividades específicas para sua escola, ou seja, os professores podem criar
suas próprias atividades com uso de tecnologia móvel.
SÍNTESE DAS TECNOLOGIAS MOBILIZADAS
Para a realização das macroatividades, além do AVA, é
disponibilizada uma plataforma web com mapa georreferenciável e ambientes
gerenciais (AVGs) para apoiar as atividades listadas a seguir:
1. Pesquisa on-line sobre o perfil tecnológico de
alunos e professores
2. Aulas em vídeo
3. Plataforma web de rede social e mapa georreferenciável
integradas
5. Formulário on-line para o cadastramento de alunos
6. Telefones celulares de alunos e professores
7. Interface para o disparo de SMS e relatórios de respostas
RESULTADOS ESPERADOS
O que se espera é favorecer o aprendizado dos conteúdos
curriculares propostos para o trabalho dos professores e alunos por meio do uso
de seus celulares e de uma rede social. Espera-se também promover uma mudança
viável da realidade, seja por meio de propostas de ações para mudança de
valores, hábitos e comportamentos seja, ainda, pelo estabelecimento de
parcerias com instituições ou mesmo pela criação de demandas para os órgãos
públicos. As
possibilidades de intervenção são inúmeras e precisam ser
acordadas entre os envolvidos, para que todos se comprometam com a mudança.
A primeira mudança é exatamente o uso de recursos
tecnológicos como ferramentas de aprendizagem e de ensino, não somente na
escola entre os alunos, mas aproveitando as potencialidades desses recursos na
atualidade, uma vez que as informações circulam e produzem novos sentidos no
mundo virtual.
Assim, os celulares de professores e de dos alunos são
utilizados para receber e enviar SMS, de modo a ajudar na coleta de informações
e no engajamento às atividades do projeto. Com os celulares, eles também podem
tirar fotos e fazer vídeos como outro modo de registro do trabalho que está
sendo desenvolvido pela escola.
Espera-se que todo o material coletado durante as
atividades, e muito mais, possa alimentar a rede social do Escola com Celular.
Essa rede social será um espaço colaborativo de discussão, produção de
textos (individuais e coletivos) e divulgação das experiências vivenciadas em
cada escola.
ESCOLA COM CELULAR EM SÃO VICENTE
O projeto piloto Escola com Celular foi desenvolvido na
região de São Vicente, durante o segundo semestre de 2011. O projeto envolveu
professores e alunos do 9º ano das escolas municipais da região e contou com o
apoio da Secretaria da Educação de São Vicente. Os professores participantes,
cerca de 150, foram das disciplinas de Ciências, Geografia, Língua Portuguesa e
Matemática. Com base em uma análise do currículo do município nessa série e na realidade
local, o tema escolhido foi “resíduos e consumo”.
Para os professores, foi oferecido um curso de formação
gratuito, online, constituído por atividades multimídiainterativas e
mediado por um tutor. Os professores participantes tiveram a oportunidade de
assistir a Web Aulas, fazer leituras, responder a enquetes e participar de
discussões e trocas de ideias em fóruns sobre o eixo temático sustentabilidade.
Eles receberam, ainda, diversas sugestões de atividades sobre o tema
sustentabilidade para desenvolver com seus alunos. Dessa forma, funcionários
das escolas, as famílias dos alunos e membros da comunidade também tiveram a
oportunidade de ser envolvidos no projeto ao participarem das pesquisas e
auxiliarem nas atividades desenvolvidas pelos alunos.
Os alunos, peças-chave no desenvolvimento do projeto,
interagiram por meio de uma rede social, participaram de enquetes via SMS sobre
sustentabilidade, desenvolveram atividades de coleta de dados na escola,
fizeram registros por meio de fotos usando o celular e, no final do semestre,
foram convidados a participar de uma gincana sustentável cujo objetivo final
era o tagueamento do mapa georreferenciado do projeto, de forma a oferecer à
comunidade indicações de postos de coleta de resíduos de diferentes naturezas.
O 3º People.NET in Education: Congresso de Redes Sociais Aplicadas à Educação será realizada dia 05 de Dezembro, às 08h, no auditório da Faculdade Rio Branco em São Paulo/SP. A Fundação Vanzolini estará debatendo o tema: Sala de Aula Invertida ao lado de Alexandre Campos Silva, Jose Manuel Moran, além de outras autoridades em Redes Sociais Aplicadas à Educação. Confira como os maiores especialistas e pesquisadores da área estão abordando questões sobre o uso das tecnologias digitais de informação e comunicação e suas diferentes abordagens.
Nenhum comentário:
Postar um comentário